Sangramento uterino anormal: entenda o que é, causas, sintomas e tratamento
O problema costuma afetar negativamente aspectos físicos, emocionais, sexuais e profissionais de pessoas com útero
Miomas, pólipos, problemas de coagulação. São muitos os motivos que podem levar pessoas com útero a desenvolver sangramento uterino anormal (SUA). E mesmo quem não convive com nenhuma doença associada pode ter perdas sanguíneas preocupantes durante e fora do período menstrual
Em alguns casos, o sangramento intenso afeta tão negativamente aspectos físicos, emocionais, sexuais e profissionais que piora a qualidade de vida das pacientes a ponto de impedi-las de executar atividades cotidianas e de forçá-las a tratamentos de urgência ou cirurgias altamente invasivas, como a remoção total do útero (histerectomia).
Mas, a boa notícia é que, na maioria dos casos, há tratamento conservador — ou seja, que evita procedimentos invasivos. O mais importante é descobrir com antecedência a causa dessa hemorragia.
O que é sangramento uterino anormal (SUA)?
Uma classificação desenvolvida pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo) chamada "Palm-Coein" considera as seguintes causas como as principais para o sangramento uterino anormal — excluída a possibilidade de gravidez:
- Causas estruturais: Pólipo, Adenomiose, Leiomioma, Malignas;
- Causas não estruturais: Coagulopatia, Ovulatória, Endometrial, Iatrogênica, Não classificada.
Em pacientes com baixo risco de câncer de endométrio, com exames normais, e excluídas as causas naturais, é possível tratar o sangramento com medicamentos ou cirurgia. No entanto, lesões estruturais classificadas como "Palm" têm tratamento específico, conforme cada diagnóstico. Vamos entender melhor.
Quando o sangramento é considerado anormal?
Segundo a ginecologista Morgana Domingues, consultora da Biolab Farmacêutica, em um ciclo menstrual considerado "normal", a perda sanguínea gira em torno de 70 milímetros a 80 ml. "Nos casos de sangramento intenso, esse volume pode chegar ao dobro", diferencia a médica.
Sinais que podem ser observados pela própria paciente são o vazamento sanguíneo na roupa, a troca excessiva de absorventes em curto período de tempo (de duas a três horas), a necessidade de troca do absorvente à noite e a perda de coágulos.
Diferença entre sangramento uterino anormal e menstruação irregular
Uma menstruação irregular é um tipo de sangramento uterino anormal. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a menstruação é considerada "normal" quando o fluxo sanguíneo dura até oito dias e o ciclo varia entre 24 e 38 dias. Qualquer sangramento fora dessas características já é considerado anormal.
Inclusive, uma das possíveis causas para a "irregularidade" da menstruação é a síndrome dos ovários policísticos, que, devido à sua complexidade, dificilmente é diagnosticada nos primeiros anos de menstruação da adolescente.
"Como a irregularidade menstrual é comum nos primeiros anos após o início da menstruação, o diagnóstico da síndrome é mais difícil nessa fase, necessitando de acompanhamento de longo prazo e reavaliações de tempos em tempos para concluir o diagnóstico", orienta a Febrasgo.
"A irregularidade menstrual é um termo específico de alteração. Ocorre quando os intervalos passam a ser diferentes ou quando a paciente menstrua mais vezes por mês ou menos vezes, ou de forma totalmente irregular e sem previsibilidade. Então, nesses casos, quando a gente fala sobre irregularidade menstrual, a gente está falando mais sobre a frequência irregular em que vem essa menstruação", diferencia a ginecologista Morgana Domingues.
Quais são as causas do sangramento uterino anormal?
A exemplo da síndrome do ovário policístico, o sangramento uterino anormal pode ser causado por diferentes doenças conhecidas da medicina. Segundo Morgana, é possível ter sangramentos aumentados por pólipos, que são estruturas nodulares que aparecem no endométrio, e por adenomiose, que é uma outra alteração do endométrio que acomete mulheres mais jovens e que causa, além do sangramento, aumento de cólicas menstruais.
Além disso, miomas, doenças de coagulação, alterações de ovulação e doenças malignas também podem causam aumento de fluxo e frequência de sangramentos.
"Também existem aquelas pacientes que não têm nenhum tipo de comorbidade, nenhuma doença associada. Daí a gente fala que é um sangramento uterino anormal sem causa definida ou não classificada", conclui a especialista.
Sinais e sintomas de alerta
Pacientes com quadro de sangramento uterino anormal, geralmente, apresentam sintomas associados, como:
- Cólicas mais intensas no período menstrual;
- Sensação de pressão na região pélvica;
- Mal-estar;
- Cansaço;
- Anemia.
Quando a situação desenvolve para anemia, é possível sentir fraqueza mesmo fora do período menstrual, além de palpitações, taquicardia e mal-estar ao executar atividade física. "A paciente que vivencia o SUA acaba tendo prejuízo da qualidade de vida não só pelo sangramento aumentado, mas por todos esses sintomas", dimensiona Morgana Domingues.
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